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Reações africanas ao imperialismo europeu na África

Escrito por REGINALDO DOS SANTOS AURESLINO em 10/08/2018

O QUE OS REIS AFRICANOS DISSERAM AO INVASOR EUROPEU?

 

 

 

"Prestei atenção à vossa mensagem sem encontrar razão para vos obedecer. Preferiria morrer. Se for amizade que você deseja, então eu estou pronto para ela, hoje e sempre; mas para ser seu súdito, isto eu não posso ser. Se for guerra você deseja, então eu estou pronto, mas nunca para ser seu súdito. Não caio a vossos pés, pois sois uma criatura de Deus como eu (...). Sou sultão aqui na minha terra. Vós sois sultão lá na sua. No entanto, vede, não vos digo que me deveis obedecer, pois sei sois um homem livre. Quanto a mim, não irei à vossa presença; se sois bastante forte, vinde vós me procurar."

Réplica de Machemba, chefe dos Yao (atual Moçambique), ao comandante alemão Hermann vos Wissmann, em 1880

 

 

 

A proposta para o país Ashanti, na presente situação, colocar-se sob a proteção de Sua Majestade a Rainha e Imperatriz da Índia foi objeto de exame aprofundado, mas me permitam dizer que chegamos à seguinte conclusão: meu reino, o Ashanti, jamais aderirá a tal política. O país Ashanti deve continuar a manter, como até agora, laços de amizades com todos os brancos. Não é por ufanismo que escrevo isto, mas tendo clareza do significado das palavras (...). A causa Ashanti progride, e nenhum Ashanti tem a menor razão para se preocupar com o futuro ou para acreditar, por um só instante, que as hostilidades passadas tenham prejudicado a nossa causa.

Declaração de Premph I, rei dos Ashanti (atual Gana), sobre a oferta de proteção britânica em 1891

 

 

 

 

“Não tenho a menor intenção de ser um espectador indiferente, caso ocorra a potências distantes dividir a África, pois a Etiópia há quatorze séculos tem sido uma ilha cristã num mar de pagãos. Dado que o Todo-Poderoso até agora tem protegido a Etiópia, tenho a esperança de que continuará a protegê-la e a engrandecê-la e não penso sequer um instante que Ele permita que a Etiópia seja dividida entre outros Estados. Antigamente, as fronteiras da Etiópia eram o mar. Não tendo recorrido à força nem recebido ajuda dos cristãos, nossas fronteiras marítimas caíram em mãos dos muçulmanos. Não abrigamos hoje a pretensão de recuperá-las pela força, mas esperamos que as potências cristãs, inspiradas por nosso Salvador, Jesus Cristo, as devolvam a nós ou nosconcedam pelo menos alguns pontos de acesso ao mar”.

Menelik da Etiópia, declaração a Rainha Vitória da Grã-Bretanha, Abril 1891.

 

 

"Eu rezei e implorei a meus anciãos, assim como a Deus e aos espíritos dos meus ancestrais, para me assistirem, me darem a verdadeira sabedoria e amor, para dirigir e governar minha nação, e imploro a você, meu bom amigo, a rezar e pedir bênçãos para seu Deus me dar vida longa e um reinado próspero e calmo, e que minha amizade com o governo de Sua Majestade possa ser mais firme e estreita que até agora tem sido, que o passado sejam águas passadas, que a nação Ashanti desperte como de um sono, que as hostilidades a deixem, que me esforce para promover a paz e tranquilidade e a boa ordem em meu reino e restaure seu comércio, e que a felicidade e a segurança de meu povo se generalize, e assim se eleve meu reino Ashanti a uma posição próspera, substancial e permanente como uma grande comunidade de agricultores e comerciantes como nunca ocupou até agora, e que o comércio entre seu Protetorado e meu reino de Ashanti possa aumentar diariamente com beneficio para todos os interessados nele.

Prempeh I, após ser formalmente instalado no Banco de Ouro de Ashanti por ordem do governador da Costa do Ouro, (atual Gana) 1894

 

 

O deus criou o negro e o branco, cada um para herdar um território designado. Ao homem branco concerne o comércio e o homem negro deve negociar com ele. Não deixe os negros provocar nenhum dano aos brancos e, do mesmo modo, os brancos não devem causar nenhum dano aos negros."

Behanzin, último rei de Dahomey (atual Benin) aos governantes europeus, 1894.

 

 

"O Senhor estabeleceu vários reinos na terra. Então eu sei e acredito que não é nenhum pecado ou crime eu desejar permanecer como chefe independente da minha terra e meu povo."

Hendrik Wittboi, líder Nama na África do Sudoeste (atual Namíbia) aos alemães em 1894.

 

 

"Estou vendo como os brancos penetram cada vez mais na África; em todas as partes do meu país as companhias estão em ação (...) É preciso que meu país também adote estas reformas, e estou plenamente disposto a propiciá-las (...) Também gostaria de ver boas estradas e boas ferrovias (...).Mas meus antepassados eram makombe e makombe quero continuar a ser."

Makombe Hanga, chefe dos Barué (Moçambique central), em 1895.

 

 

 

"Sei que os brancos querem me matar para tomar o meu país, e, ainda assim, você insiste em que eles me ajudarão a organizá-lo. Por mim, acho que meu país está muito bem como está. Não preciso deles. Sei o que falta e o que desejo: tenho meus próprios mercadores; considere-se feliz por não mandar cortar-lhe a cabeça. Parta agora mesmo e, principalmente, não volte nunca mais."

Wogobo, o Moro Naba (rei dos Mossi, atual Burkina Faso) ao capitão Destenave, em 1895

 

 

 

"Os inimigos vêm agora se apoderar de nosso país e mudar nossa religião [...] Nossos inimigos começaram a avançar abrindo caminho na terra como toupeiras. Com a ajuda de Deus, não lhes entregarei meu país [...] Hoje, que os fortes me emprestem sua força e os fracos me ajudem com suas orações."

Menelik da Etiópia, ordem de mobilização contra a campanha dos italianos contra seu país em 1895.

 

 

"Estes homens da cor de cabrito esfolado que hoje aplaudis entrarão nas vossas aldeias com o barulho das suas armas e o chicote do comprimento da jiboia. Chamarão pessoa por pessoa, registando-vos em papéis que (...) vos aprisionarão. Os nomes que veem dos vossos antepassados esquecidos morrerão por todo o sempre, porque dar-vos-ão os nomes que bem lhes aprouver, chamando-vos merda e vocês agradecendo. Exigir-vos-ão papéis até na retrete, como se não bastasse a palavra, a palavra que vem dos nossos antepassados, a palavra que impôs a ordem nestas terras sem ordem, a palavra que tirou crianças dos ventres das vossas mães e mulheres. O papel com rabiscos norteará a vossa vida e a vossa morte, filhos das trevas."

Ngungunhanhe – rei de Gaza (atual Moçambique)

 

 

 

"Eu não estou preparado para lutar com as tropas britânicas apesar de estou (sic) para ser capturado por eles (…). Eu me renderia para assegurar as vidas e tranquilidade de meu povo e compatriotas." 

Nana Prempeh rainha Ashanti (Gana atual) explicando sua decisão de não lutar.

 

 

 

"Eu vi que alguns de vocês temem ir em frente e lutar por nosso rei. Se estivéssemos nos bravos dias do passado (...) os chefes não assistiriam sentados nosso rei ser deposto sem disparar um tiro. Nenhum homem branco podia ter ousado falar com os chefes dos Achantis do modo como o governador falou com vocês esta manhã. É verdade que a bravura dos Achanti não existe mais? Eu não posso acreditar nisto. (...)Se vocês, homens achanti, não forem em frente, então nós iremos. Nós, as mulheres, iremos. Chamarei cada companheira. Lutaremos com o homem branco. Lutaremos até que a última de nós caia no campo de batalha."

Yaa Asantewa, Rainha Mãe de Ejisu (atual Gana)

 

 

 

"Amo o inglês.

Sou filho da Rainha Vitória. Mas também sou rei em meu próprio país. Não aceitareiimposições. Perecerei antes."

Rei Cetshwayo, rei Zulu, África do Sul 1877

 

 

 

"O camaleão chega por trás da mosca, permanece imóvel por algum tempo, então avança bem devagar, primeiro adianta uma perna e depois a outra. Por último, quando está ao seu alcance, ele lança sua língua e a mosca desaparece. A Inglaterra é o camaleão e eu sou a mosca."

Lobengula – atual Zimbabwe

 
 
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