- O descaso das autoridades públicas extrapola qualquer denominação. Crimes acontecem abertamente e ninguém toma providências.
- Há um caso absurdo que é de notório conhecimento.
- O mais surpreendente e inconcebível é que todos se calam.
- Não há denúncia, se quer indignação.
- O pai de duas crianças que já praticava crime contra o meio ambiente, persuadido por sua segunda mulher que rejeitava seus enteados, acabou por convencer seu companheiro a abandonar seus filhos em um matagal da região. Esse é apenas o princípio de uma tragédia.
- As crianças famintas e perdidas no matagal por azar do destino ainda acabaram buscando refúgio no primeiro chalé que encontram, onde terminaram como reféns de uma idosa envolvida com rituais macabros e antropofágicos que tinha claras intenções de matar e comer os irmãos.
- Enquanto o menino era mantido encarcerado sua irmã era forçada a trabalhar e cuidar do cativeiro. A sequência de horror não parou por aí. Num descuido da idosa a menina empurrou e trancou a senhora dentro de um forno do barraco que acabou morrendo carbonizada.
- A menina libertou seu irmão que após furtarem os pertenças da velhinha conseguiram achar o caminho de casa.
- O que causa estranheza é que ao retornarem para casa descobriram que a madrasta havia morrido. Dessa feita os menores compartilharam o fruto do roubo com o pai.
- Até agora ninguém foi preso.
- Nenhuma atitude foi tomada.
- A fala popular ecoa a mais dura realidade : - Isso é terra de ninguém.
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“Às margens de uma extensa mata existia, há muito tempo, uma cabana pobre, feita de troncos de árvore, na qual morava um lenhador com sua segunda esposa e seus dois filhinhos, nascidos do primeiro casamento. O garoto chamava-se João e a menina, Maria.A vida sempre fora difícil na casa do lenhador, mas naquela época as coisas haviam piorado ainda mais: não havia pão para todos”.
Contos tradicionais fábulas lendas e mitos (Portuguese Edition)
by Ministério da Educação
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Há muitas formas de se apresentar literatura aos educandos, não necessariamente para que aprendam literatura, mas para que possam ter a ilimitada experiência do Ser.
Ghislaine Pinheiro diz:
Comentario feito em 11/03/2015
Quão saboroso pode ser um prato que dê saciedade à sua fome literária? Ao instigar nossa leitura pela curiosidade e diante do apelo publicitário, meu amigo buscou fisgar o seu leitor de nosso blog assim como fora fisgado pela sua mãe. Interessante observarmos que os textos de contos de fadas, das lendas, e mitos, referenciados ao público infantil, contem violência desmedida, grande carga de requintes de crueldade e senso de justiça questionável.
Buscamos valorizar aquilo que passa pelas nossas lembranças emocionais, mas não podemos esquecer da cultura oculta que nossos pais e avós repassavam às futuras gerações...
Ana Maria diz:
Comentario feito em 14/03/2015
Excelentes questionamentos professor Antônio, excelente análise professora Ghislaine!
Sim, a literatura infantil e os contos populares nos servem tanto para exercitarmos nossas ludicidades quanto nossos valores.
Importante é, pois, lembrar que toda mensagem deva ser compreendida, contextualizada e refletida.
Di diz:
Comentario feito em 14/03/2015
Paulo, gostei de seu post e compartilho de sua indignação acrescentando uns pontos nesta história Vivemos em um país que é campeão de desigualdade social. A grande maioria da população esta abaixo da linha de pobreza e é excluída em todos os sentidos. As crianças que vivem nesta margem de pobreza não conhecem o significado de infância.
Esta estrutura social faz a gente pensar que somos tão abandonados como João e Maria. E este abandono é causa de todos os outros que vivenciamos hoje, como por exemplo o da mãe/pai que rejeita o filho e o abandona a mercê da própria sorte, seja na rua, no lixo, no rio ou em uma instituição. Realmente Isso é terra de ninguém. Os Abandonos são tragédias traçadas nos primeiros anos de vida e que condenam por toda a existência.
No conto de Joao e Maria, as crianças foram vitimas do desamparo, que a principio teve como causa a falta de recursos financeiros da família. Na vida real continuamos todos desamparados e abandonados pela grande bruxa da desigualdade, da imoralidade, do descaso, da falta de respeito, do desamor e da falta de humanidade de quem tem poder politico para mudar a historia.
Na vida real não temos as fadas para cuidarem dos finais felizes , especialmente para as crianças.
Lúcia Helena diz:
Comentario feito em 14/03/2015
Paulo, você sempre astuto, inteligente, brincalhão, e com esse seu jeito formidável de ser, consegue nos prender as suas artes, quer seja ela na escrita, na pintura, e agora vejo pelo Face, até na culinária. No passado admirava sua paciência com aqueles pontinhos, e quão linda a imagem final ficava, quando leio algo seu, como este, é fantástico, você sabe brincar com a imaginação, a ironia e a verdade. Muito gostoso de ler, nos faz pensar nos muitos olhares que podemos ter, em cada época da vida, ou situação da mesma, a perspectiva muda totalmente, bom você ter me feito lembrar disso. Incrível que quando criança, eu e tantas outras, achávamos essa estória de João e Maria, a mais natural do mundo, imagine toda essa desgraça, ser natural rsrsr, e ainda assim éramos felizes rsrs, até me identificava, pois a minha história, literalmente a minha falta de pão, era a mesma. E hoje crescida vejo que muita coisa não mudou, por mais que nos indignemos com as situações, ainda nos falta o pão da sabedoria, para que não cheguemos ao caos humano. Muito boa e atual, essa sua postagem, bastante pertinente ao nosso momento. Abraço meu amigo.
Lúcia Helena diz:
Comentario feito em 14/03/2015
Paulo, você sempre astuto, inteligente, brincalhão, e com esse seu jeito formidável de ser, consegue nos prender nas suas artes, quer seja ela na escrita, na pintura, e agora vejo pelo Face, até na culinária. No passado admirava sua paciência com aqueles pontinhos, e quão linda a imagem final ficava, quando leio algo seu, como este, é fantástico, você sabe brincar com a imaginação, a ironia e a verdade. Muito gostoso de ler, nos faz pensar nos muitos olhares que podemos ter, em cada época da vida, ou situação da mesma, a perspectiva muda totalmente, bom você ter me feito lembrar disso. Incrível que quando criança, eu e tantas outras, achávamos essa estória de João e Maria, a mais natural do mundo, imagine toda essa desgraça, ser natural rsrsr, e ainda assim éramos felizes rsrs, até me identificava, pois a minha história, literalmente a minha falta de pão, era a mesma. E hoje crescida vejo que muita coisa não mudou, por mais que nos indignemos com as situações, ainda nos falta o pão da sabedoria, para que não cheguemos ao caos humano. Muito boa e atual, essa sua postagem, bastante pertinente ao nosso momento. Abraço meu amigo.
Adelino Antunes diz:
Comentario feito em 14/03/2015
Nobre professor, ao iniciar a leitura fiquei realmente preocupado com as crianças. Mas no decorrer das linhas precebia que era uma releitura de um conto infantil. Parabéns pela criatividade.
Diego M Ferreira diz:
Comentario feito em 18/03/2015
... E quem sabe aprendam literatura sem saber. Talvez aproximar-se da literatura sem conhecê-la seja a melhor forma de instigar esse prazer. Não tem como não gostar de ler.
Ah, o pai das crianças era um criminoso ambiental. Mas isso quem percebeu se você não tivesse dito?
Ananda Berger diz:
Comentario feito em 18/03/2015
Prof.Paulo,quando ouvimos falar de de contos de fadas pensamos em princesas,fadas,bruxas etc...longe de ser apenas histórias "inocentes",escondem uma realidade de vida miserável e cruel. A busca por riqueza,uma mesa farta passou a ser assunto de alguns contos.
Na história João e Maria (dos Irmãos Grimm) retrata a dureza da vida na Idade Média,escassez de comida,seca,homicídio infantil era uma prática comum na época.Na visão social da história João e Maria a vida imita a arte.
Virna Gomes Meira diz:
Comentario feito em 19/03/2015
Adorei!!
Concordo com o professor Adelino, fiquei realmente intrigada por não ter visto nada nos noticiários em outras mídias, até indignada por se tratar de um caso realmente absurdo... Quando derrepente.... Uma forma magnífica de contar uma história que já conhecemos, mas ainda assim, ter a curiosidade aguçada, e intimada a ler até o final, pois é impossível abandonar-la mesmo sabendo como acaba... (ou, tendo a pretensão de saber...)!
Parabéns!
Madson diz:
Comentario feito em 19/03/2015
Olá Paulo, bela releitura que nos traz à triste realidade cotidiana, parabéns.
Arthur Aprigio diz:
Comentario feito em 19/03/2015
Lembro que a história tratava do mais profundo temor infantil, o abandono de qualquer criança pelos pais, e que o conto resolvia psicologicamente tal conflito intimo. Lembro também que segundo às fases do desenvolvimento psicossomático freudiano, tratava-se da fase oral. Lembro também que segundo as análises Junguiana as crianças, na verdade, eram uma só, em que o masculino e o feminino (animus e anima) numa única pessoa se solidarizavam para resolver os problemas apresentados pela vida. O que mais gostei foi a apropriada atualização da história aos nossos dias violentos e a tão necessária ecoconsciência. Parabéns pela releitura.
Prof. Reginaldo diz:
Comentario feito em 28/04/2015
Excelente! Primeiro eu pensei, será real? Depois eu imaginei que sim, mas pra que compartilhar essa história horrível? Por fim eu lhe agradeço por ter me proporcionado essa viagem ficcional :)
Profa. de Hist. Dinoráh Esther diz:
Comentario feito em 03/10/2015
Professor sua escolha foi muito feliz, interessante que poucos percebem sua sutil intenção em demonstrar que no passado famílias inteiras eram desmanchadas por pequenas questões e que os pais abandonavam seus filhos.
Poucos sabem que essa coisa de eu sou mãe é uma novidade contemporânea, parabéns professor.