Uma das minhas rotinas semanais ao sair da escola é passar na padaria do boqueirão para tomar um café. Cumprindo mais um dia nessa rotina, na frente da padaria, um carro com cinco, talvez seis sujeitos corpulentos sentados no banco aguardavam a chegada do motorista. Um rosto para fora da janela exibia uma mandíbula alongada e robusta. Olhar fixo no horizonte como se nada perturba-se sua concentração. Orelhas longas e retas, ajustadas ao olhar. O pescoço marcado pela musculatura descia pelas patas dianteiras longas, fortes e ágeis. Estava diante de figuras que saltavam dos livros de história, o deus dos mortos, Anúbis o deus Chacal do antigo Egito. Repentinamente senti um alerta na matilha que passou a medir todos meus movimentos. Uma senhora, a dona do carro aproximou-se, então perguntei :- Quantos você têm? - Ela respondeu. - No momento doze, vieram da Espanha. Explodi em curiosidade. - A senhora, cria, vende? Como eles são? - São reservados com estranhos, pacíficos, treináveis e amigos com os da família. Posso até doar, mas exijo que sejam bem tratados, já cheguei a tomar alguns de volta por não estarem sendo cuidados direito. São fiéis, são únicos. Tinha aprendido lido e ouvido o suficiente dos meus professores para saber que estava na frente de uma matilha de Sighthounds. Conhecidos também como Gazehounds, uma das primeiras raças a caminhar, caçar e dormir com humanos no leste da Ásia. Na Caverna de Goyet/Bélgica um crânio com datação de 31.700 AP é considerado como melhor achado arqueológico de um cão pré-histórico, ao invés de lobos. A domesticação de cães selvagens aconteceram com parcerias durante caçadas. Os cães foram os olhos, o cerco e o alarme mediante perigo eminente. Desenhos nas cavernas mostram cães auxiliando os homens na caça, acuando a presa a ser abatida. No Egito Anubis era o deus, que presidia os ritos funerais, embalsamento, mumificação e o enterramento. Os gregos tinham os cães com origem divina, criados por Hefesto o deus que forjava metais no fogo. Na Ásia Menor em uma escrita cuneiforme de 2000 anos AP, há um único ideograma para cão e escravo. Na Grécia e Roma antiga, Egito os cães caçavam com os homens e serviam como guardas. A frase “Cuidado com o cão” surge pela primeira vez em um mosaico em Pompéia. Cães foram soldados nas guerras, usados para perseguir escravos fugitivos, como ligação entre postos do exercito, talvez uma das piores funções, pois eram obrigados a engolir as mensagens e sacrificados após a chegada. O sinal mais forte que os cães entraram de fato para as nossas vidas está representado em uma peça de cerâmica da Gália, com um casal dormindo abraçados em uma cama e um cachorro dormindo a seus pés.