Profª Roberta Ucci
E.M. São Francisco de Assis
O ambiente influencia o desempenho escolar
Escrito por ROBERTA ESPERANZA UCCI em 10/05/2011
Pelo menos 25% das crianças e adolescentes com baixo desempenho escolar têm pais separados e/ou problemas como depressão e ansiedade. Esse é um dos dados da pesquisa Projeto Atenção Brasil (PAB), realizada em 2009 com nove mil adolescentes, pais e professores em todo o País. Desses jovens, a maioria é das classes D e E.
"O ambiente em que a criança vive e a formação dos pais, com pelo menos ensino fundamental, têm reflexo direto no interesse dos alunos pelo estudo", diz Maria Valeriana Lemes Moura Ribeiro, professora titular de neurologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e uma das organizadoras da PAB.
Esse levantamento foi idealizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP), da Universidade La Sapienza (Roma) e do Albert Einstein College of Medicine (EUA). Foram entrevistados pais e professores de 9.149 crianças e adolescentes das cinco regiões do país, 16 estados e 81 cidades brasileiras. A pesquisa chamou atenção para a importância da escola saber diagnosticar problemas emocionais dos alunos.
"Se a criança, além da dificuldade de aprendizagem, é muito quieta, mantém o isolamento em relação aos colegas, é agressiva e apresenta ideias delirantes, além de traços de obsessividade, é necessário procurar um psiquiatra ou um psicólogo, pois esse jovem pode ter esquizofrenia", explica o psiquiatra Maurício Guedes, organizador do 1º Seminário de Psiquiatria Infantil que aconteceu sábado no auditório da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes).
Casos como o de Realengo, no Rio de Janeiro, que completou um mês, mostram que problemas de convivência precisam ser tratados logo que algum sinal, mesmo que mínimo, seja percebido, tanto pela direção da escola, pelos professores ou pelos pais. "Os professores relataram que o autor dos disparos foi um adolescente quieto, que todo mundo achava esquisito. Isso mostra a importância de atender o pedido de socorro, muitas vezes não verbal", explica a médica Evelyn Kuczynski, da área de psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP).
Para ela, a escola e o sistema de saúde não tiveram ações efetivas no caso do atirador da escola de Realengo. "Eles foram coadjuvantes em um caso que virou tragédia nacional". Wellington Meneses de Oliveira, de 29 anos, entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, em 7 de abril deste ano e deu mais de 60 tiros, matando 12 crianças e suicidando-se na sequência.
Tratamento O psiquiatra Maurício Guedes ressalta que problemas de esquizofrenia devem ser tratados com medicamento e psicoterapia constantes. "É algo contínuo. O rapaz que atirou na escola, no Rio de Janeiro, fez o tratamento enquanto os pais estavam vivos. Depois, parou com a medicação. Isso é, na maioria das vezes, o desencadear de problemas maiores".
Outro dado que chamou a atenção na pesquisa: crianças que a mãe fumou e/ou consumiu bebida alcoólica durante a gravidez apresentaram maior incidência de problemas emocionais, como depressão. "Mesmo as mães que não fumaram mas conviveram com cigarro como fumantes passivas têm hoje filhos com dificuldades emocionais. Por isso, não usar tabaco ou álcool na gravidez está longe de ser tabu. É um problema real que deve ser evitado em sua totalidade", acredita Maria Valeriana.(fonte:www.atribuna.com.br)
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